Conceitos, Preceitos e História
O Marketing de Guerrilha surge na década de 80 para suprir uma necessidade de comunicação dos Pequenos empresários, tendo como principais autores Al Ries e Jack Trout de um lado (Que no seu livro “Marketing de Guerra” de 1986 dedicam um capítulo ao Marketing de Guerrilha) e Jay Conrad Levinson (responsável pela popularização do termo) do outro. A utilização de grandes campanhas envolvendo gastos astronômicos com mega produções e contratos com celebridades famosas estava começando a virar usual entre as grandes marcas na época, sufocando o pequeno empresário a, literalmente, “guerrilhar” no mercado em busca de espaço.
Assim, não é difícil entender porque o Marketing de Guerrilha inicialmente direcionava-se a eles. Eles geralmente manejam de forma correta dois dos quatro Ps do mix de marketing, o produto e o preço. Porém sentem-se pouco a vontade frente ao P de praça, ou seja, a distribuição, e ao P de promoção. Aliás, não basta apenas produzir um bom produto e ter um preço competitivo. O consumidor geralmente não vê uma razão para mudar de marca quando não percebe um benefício diferenciado no produto da outra empresa, deixando assim de consumi-lo. O pequeno empresário também tem a tendência a acreditar que marketing significa grandes, barulhentas e dispendiosas campanhas que envolvem anúncios, outdoors e VTs, associando-os diretamente à “comunicação de resultado”. No entanto, uma grande parcela obtém sucesso através do marketing de guerrilha, com pequenas e simples atitudes e movimentos de baixo custo – ou seja, ações de guerrilha - mesmo sem percebê-lo. É possível desalojar a concorrência, determinar o posicionamento e comunicar conceitos fortes através dessas armas mercadológicas de baixo custo. A maior parte delas está de graça, nas mãos do empresário.
Por isso faz-se necessário despertar a noção de luta e de ação direta nesses empresários de pequeno porte acuados hoje pelas grandes corporações locais ou multinacionais. Além disso, é preciso que se coloque em suas mãos um arsenal de conceitos, proposições e idéias de como sobreviver e vencer num mercado totalmente desigual. Este arsenal tem o nome de marketing de guerrilha.
A palavra guerrilha nasceu durante a guerra de independência espanhola, em 1808, onde a resistência daquele país, baseada em combates de unidades irregulares comandadas por lideranças populares, enfrentou as grandes tropas de Napoleão. Denomina-se guerrilha a toda modalidade de campanha militar de caráter limitado, na qual pequenas unidades irregulares, utilizando a mobilidade e a surpresa, atacam as tropas regulares do inimigo, quase sempre pelos flancos ou pela retaguarda, retirando-se em seguida para seus abrigos, geralmente na selva, montanhas ou outros locais de difícil acesso. Um tipo de guerra só possível com o apoio da população civil.
Assim, o marketing de guerrilha tem como conceito base a idéia diferenciadora e o baixo custo, partindo do princípio que apenas capturando as pessoas é possível estabelecer na mente delas essa diferenciação. Investindo tempo, energia e imaginação é possível conseguir um poder mercadológico tão grande quanto aquele conquistado pelas grandes empresas através de mega investimentos, seja na produção ou na comunicação de um produto. Marketing de Guerrilha nada mais são que estratégias pouco convencionais, nada tradicionais, de baixo custo, extremamente flexíveis e de alto impacto.
Na prática, um empresário guerrilheiro possui uma grande capacidade de perceber oportunidades e descobrir novos nichos, a simplicidade na montagem de estratégias e a rapidez e flexibilidade na adaptação do negócio dentro de um mercado em constante transformação. Ele geralmente abandona a idéia do mercado de massa e procura inicialmente identificar um nicho de mercado que se pretende atingir, anulando a possibilidade de desperdício de verba, atingindo muitas pessoas que nada têm a ver com o seu público-alvo. O marketing de guerrilha tem como um dos conceitos básicos o foco e a concentração dos esforços em determinado nicho de mercado, reduzindo o tamanho do campo de batalha e atuação, para assim adquirir uma superioridade de força frente aos grandes concorrentes – o que combina muito com as teorias da Cauda Longa, atualmente.
Nunca agir como um líder também é uma das principais características do bom guerrilheiro. Para isso, ele deve explorar o foco na inovação e a vantagem de uma estrutura enxuta e ágil, fugindo de alguns vícios burocráticos incrustados há anos nas grandes empresas. Desta forma, caso algo dê errado, é muito mais fácil saltar rapidamente para outro nicho de mercado rentável. Uma estrutura magra e enxuta, típica na pequena e média empresa, favorece isso.
Atualmente, com a saturação da mídia tradicional, a fragmentação da audiência e das mídias e a dispersão dos targets, grandes empresas vêm investindo no marketing de guerrilha. Faz-se necessária cada vez mais uma comunicação mais ousada e criativa, que não dependa tão somente de grandes investimentos de mídia e piadas prontas.
Marketing de Guerrilha Hoje
Bob Garfield, o principal colunista da revista especializada Advertising Age e ácido crítico da propaganda tradicional, alerta que, ao contrário do que se pensa, as pessoas não amam os comerciais de 30 segundos da televisão, no máximo os toleram. Geralmente acreditam que são obrigadas a aturá-los por estarem recebendo um conteúdo não pago, numa relação de troca. O comercial tradicional ainda é aceito na televisão, mas em outras mídias, como a internet, as pessoas não o aceitam mais.
Também através da internet, o consumidor adquiriu mais acesso a informação. Através dela, ele consegue conhecer, questionar, duvidar, comprar e disseminar sua opinião sobre tudo o que consome, desde produtos básicos até serviços complexos. Desta forma ele ganha mais poder, o que exige uma mudança na proposta de valor das empresas e nos esforços de marketing. O consumidor abdicou do papel de simples target e passou a adotar a postura de agente. Pela internet ele tem voz e é ouvido, de forma barata e rápida. É possível a interação com outros consumidores e marcas, transformando-o de passivo em ativo, tomando a iniciativa no relacionamento, falando mais e mais alto para ser ouvido. Hoje podemos olhar para a Internet e perceber que seu maior impacto não foi por ter surgido como uma nova mídia, e sim por ter mudado o comportamento do consumidor. E isso atinge toda e qualquer mídia existente.
É necessário considerar que vários nichos de mercado só podem ser alcançados se for levado em conta que não apenas a comunicação de massa é eficaz, mas sim uma abordagem verticalizada de aproximação com o público através de ações que não envolvam publicidade e mídia tradicional. Ainda para Bob Garfield, o problema da publicidade tradicional está em seu conceito base, fundamentado na interrupção, o que só é eficiente num cenário de mídia de massa.
Kotler e Keller nos indicam um caminho para entendermos o porquê da atual ineficiência das mídias tradicionais: o consumidor médio está exposto a cerca de 1500 mensagens por dia; a sua atenção seletiva faz com que apenas receba efetivamente 30 a 80 mensagens diariamente; ou seja, menos de 10 mensagens por dia têm uma probabilidade razoável de influenciar o comportamento do consumidor.
Com a explosão de uma imensa variedade de produtos e serviços que o mercado percebeu existir, com suas incontáveis variações de formatos, dirigidos a públicos cada vez mais segmentados, e uma necessidade latente de uma relação custo versus benefício mais justa, atualmente se conduz não mais a aplicação pura e simplesmente das mídias tradicionais, como grandes jornais ou programas de televisão. Fato: está cada vez mais caro e difícil alcançar o consumidor. Por muitas vezes essa tarefa se torna quase impossível, analisando as drásticas mudanças no seu comportamento ultimamente.
Al Ries escreve que a propaganda está com sérios problemas irreversíveis, como a falta crescente de credibilidade perante o consumidor e a incapacidade de criar um relacionamento entre quem consome e empresa. As propagandas estão cada vez mais bonitas, chocantes e incríveis, mas cada vez menos vendedoras de conceitos, anunciadoras de produtos e críveis. A propaganda não muda a mente das pessoas. A propaganda não muda as marcas de uma posição para outra dentro da mente das pessoas. A propaganda não substitui uma marca que já está na mente das pessoas por uma nova marca. Todas essas funções estão fora do alcance de uma solução de propaganda. Um exemplo? Quem faz a redação de um anúncio de um filme? Um publicitário enfurnado numa agência de publicidade ou o jornalista do NY Times? Os críticos de cinema dos veículos mais importantes são convidados a dar a sua opinião e suas frases são impressas nos cartazes expostos nas salas de cinema. O estúdio produtor do filme não tem endosso perante o público para convencê-lo a ir ao cinema, ao contrário do veículo ou do blogueiro.
Essa evolução natural dos mercados, producente de uma maior fluidez das verbas publicitárias e por conseqüência sua pulverização, tem como prova a tendência no segmento de mercadorias embaladas nos Estados Unidos, onde a verba destinada à propaganda no orçamento de marketing caiu de 60% em 1977 para 30% em 2001. Outros exemplos como esse são cada vez mais constantes em diversos mercados.
Voltando às origens, para Jay Conrad Levinson, a utilização das não-mídias fornece um amplo espaço para atingir o público-alvo de forma eficaz, na maioria das vezes sem pagar quase nada. Para um guerrilheiro, tudo é passível de virar mídia e tudo deve ser aproveitado, sempre com relevância tanto na escolha da não-mídia como da mensagem que se pretende passar adiante. Partimos da premissa de que nenhum meio de comunicação é neutro. Todo e qualquer veículo da ação publicitária carrega em si alguns aspectos e significados, que, se percebidos de forma correta, podem desempenhar um relevante papel no processo de construção do envolvimento entre produto/serviço e consumidor. O desafio consiste em encontrar o equilíbrio e a pertinência, tão importantes no planejamento estratégico da comunicação midiática. Quem planeja deve buscar, em sua estratégia, a harmonia ideal entre meio (mídia) e mensagem (conteúdo), que deve ter, em sua essência, relevância e identificação com o público-alvo da comunicação.
Nessa maximização de ferramentas e possibilidades que visam solucionar os problemas de comunicação, atualmente o marketing de guerrilha molda-se a uma situação onde as empresas estão dando cada vez mais importância aos seus orçamentos, ao mesmo tempo em que a competição no mercado se acirra. Com custos bem mais atraentes, o marketing de guerrilha surge com um arsenal criativo e ousado de ferramentas mais envolventes e interessantes que a mídia tradicional. Além disso, essas ferramentas proporcionam um corpo-a-corpo inexistente nas propagandas de televisão ou anúncios em revistas, tendo como objetivo aparecer na mídia de forma espontânea e gratuita, maximizando a transmissão da mensagem, absorvendo a confiabilidade que esses meios transmitem ao público. Desta forma, o marketing de guerrilha possibilita resultados mais marcantes e uma maior identificação do consumidor com a marca.
Por isso, apesar do marketing de guerrilha ter sido criado na década de 80 para as pequenas empresas sobreviverem num mercado cada vez mais competitivo e saturado, as grandes empresas também devem fazer o marketing de guerrilha para destacar-se e transmitir atitude. Um exemplo de empresa grande que trabalha com o marketing de guerrilha é a Nike, em ações de emboscada nos eventos patrocinados por outras grandes marcas. O Google também pode ser considerado uma mega-corporação guerrilheira, afinal, nunca investiu em propaganda tradicional e cresceu através de boca-a-boca e da utilização de Relações Públicas. Hoje, as ferramentas do Marketing de Guerrilha são comumente chamadas de armas, cada uma com um objetivo específico de atingir e provocar a reação do consumidor, sempre de forma ousada e criativa. O poder do uso integrado delas é altamente impactante. Elas são uma fuga aos meios tradicionais de publicidade, tendo a função de gerar boca-a-boca entre os targets e mídia espontânea. Através de ações de baixo custo, bem planejadas e bem executadas, a essência da guerrilha é a conversa, a interação entre as pessoas e os consumidores. A imprensa, por outro lado, não deve ser vista como jornalismo, afinal ela pode ser um grande alavancador de negócios, falando para muitos e com endosso necessário para potencializar as ações.
O Marketing de Guerrilha surge na década de 80 para suprir uma necessidade de comunicação dos Pequenos empresários, tendo como principais autores Al Ries e Jack Trout de um lado (Que no seu livro “Marketing de Guerra” de 1986 dedicam um capítulo ao Marketing de Guerrilha) e Jay Conrad Levinson (responsável pela popularização do termo) do outro. A utilização de grandes campanhas envolvendo gastos astronômicos com mega produções e contratos com celebridades famosas estava começando a virar usual entre as grandes marcas na época, sufocando o pequeno empresário a, literalmente, “guerrilhar” no mercado em busca de espaço.
Assim, não é difícil entender porque o Marketing de Guerrilha inicialmente direcionava-se a eles. Eles geralmente manejam de forma correta dois dos quatro Ps do mix de marketing, o produto e o preço. Porém sentem-se pouco a vontade frente ao P de praça, ou seja, a distribuição, e ao P de promoção. Aliás, não basta apenas produzir um bom produto e ter um preço competitivo. O consumidor geralmente não vê uma razão para mudar de marca quando não percebe um benefício diferenciado no produto da outra empresa, deixando assim de consumi-lo. O pequeno empresário também tem a tendência a acreditar que marketing significa grandes, barulhentas e dispendiosas campanhas que envolvem anúncios, outdoors e VTs, associando-os diretamente à “comunicação de resultado”. No entanto, uma grande parcela obtém sucesso através do marketing de guerrilha, com pequenas e simples atitudes e movimentos de baixo custo – ou seja, ações de guerrilha - mesmo sem percebê-lo. É possível desalojar a concorrência, determinar o posicionamento e comunicar conceitos fortes através dessas armas mercadológicas de baixo custo. A maior parte delas está de graça, nas mãos do empresário.
Por isso faz-se necessário despertar a noção de luta e de ação direta nesses empresários de pequeno porte acuados hoje pelas grandes corporações locais ou multinacionais. Além disso, é preciso que se coloque em suas mãos um arsenal de conceitos, proposições e idéias de como sobreviver e vencer num mercado totalmente desigual. Este arsenal tem o nome de marketing de guerrilha.
A palavra guerrilha nasceu durante a guerra de independência espanhola, em 1808, onde a resistência daquele país, baseada em combates de unidades irregulares comandadas por lideranças populares, enfrentou as grandes tropas de Napoleão. Denomina-se guerrilha a toda modalidade de campanha militar de caráter limitado, na qual pequenas unidades irregulares, utilizando a mobilidade e a surpresa, atacam as tropas regulares do inimigo, quase sempre pelos flancos ou pela retaguarda, retirando-se em seguida para seus abrigos, geralmente na selva, montanhas ou outros locais de difícil acesso. Um tipo de guerra só possível com o apoio da população civil.
Assim, o marketing de guerrilha tem como conceito base a idéia diferenciadora e o baixo custo, partindo do princípio que apenas capturando as pessoas é possível estabelecer na mente delas essa diferenciação. Investindo tempo, energia e imaginação é possível conseguir um poder mercadológico tão grande quanto aquele conquistado pelas grandes empresas através de mega investimentos, seja na produção ou na comunicação de um produto. Marketing de Guerrilha nada mais são que estratégias pouco convencionais, nada tradicionais, de baixo custo, extremamente flexíveis e de alto impacto.
Na prática, um empresário guerrilheiro possui uma grande capacidade de perceber oportunidades e descobrir novos nichos, a simplicidade na montagem de estratégias e a rapidez e flexibilidade na adaptação do negócio dentro de um mercado em constante transformação. Ele geralmente abandona a idéia do mercado de massa e procura inicialmente identificar um nicho de mercado que se pretende atingir, anulando a possibilidade de desperdício de verba, atingindo muitas pessoas que nada têm a ver com o seu público-alvo. O marketing de guerrilha tem como um dos conceitos básicos o foco e a concentração dos esforços em determinado nicho de mercado, reduzindo o tamanho do campo de batalha e atuação, para assim adquirir uma superioridade de força frente aos grandes concorrentes – o que combina muito com as teorias da Cauda Longa, atualmente.
Nunca agir como um líder também é uma das principais características do bom guerrilheiro. Para isso, ele deve explorar o foco na inovação e a vantagem de uma estrutura enxuta e ágil, fugindo de alguns vícios burocráticos incrustados há anos nas grandes empresas. Desta forma, caso algo dê errado, é muito mais fácil saltar rapidamente para outro nicho de mercado rentável. Uma estrutura magra e enxuta, típica na pequena e média empresa, favorece isso.
Atualmente, com a saturação da mídia tradicional, a fragmentação da audiência e das mídias e a dispersão dos targets, grandes empresas vêm investindo no marketing de guerrilha. Faz-se necessária cada vez mais uma comunicação mais ousada e criativa, que não dependa tão somente de grandes investimentos de mídia e piadas prontas.
Marketing de Guerrilha Hoje
Bob Garfield, o principal colunista da revista especializada Advertising Age e ácido crítico da propaganda tradicional, alerta que, ao contrário do que se pensa, as pessoas não amam os comerciais de 30 segundos da televisão, no máximo os toleram. Geralmente acreditam que são obrigadas a aturá-los por estarem recebendo um conteúdo não pago, numa relação de troca. O comercial tradicional ainda é aceito na televisão, mas em outras mídias, como a internet, as pessoas não o aceitam mais.
Também através da internet, o consumidor adquiriu mais acesso a informação. Através dela, ele consegue conhecer, questionar, duvidar, comprar e disseminar sua opinião sobre tudo o que consome, desde produtos básicos até serviços complexos. Desta forma ele ganha mais poder, o que exige uma mudança na proposta de valor das empresas e nos esforços de marketing. O consumidor abdicou do papel de simples target e passou a adotar a postura de agente. Pela internet ele tem voz e é ouvido, de forma barata e rápida. É possível a interação com outros consumidores e marcas, transformando-o de passivo em ativo, tomando a iniciativa no relacionamento, falando mais e mais alto para ser ouvido. Hoje podemos olhar para a Internet e perceber que seu maior impacto não foi por ter surgido como uma nova mídia, e sim por ter mudado o comportamento do consumidor. E isso atinge toda e qualquer mídia existente.
É necessário considerar que vários nichos de mercado só podem ser alcançados se for levado em conta que não apenas a comunicação de massa é eficaz, mas sim uma abordagem verticalizada de aproximação com o público através de ações que não envolvam publicidade e mídia tradicional. Ainda para Bob Garfield, o problema da publicidade tradicional está em seu conceito base, fundamentado na interrupção, o que só é eficiente num cenário de mídia de massa.
Kotler e Keller nos indicam um caminho para entendermos o porquê da atual ineficiência das mídias tradicionais: o consumidor médio está exposto a cerca de 1500 mensagens por dia; a sua atenção seletiva faz com que apenas receba efetivamente 30 a 80 mensagens diariamente; ou seja, menos de 10 mensagens por dia têm uma probabilidade razoável de influenciar o comportamento do consumidor.
Com a explosão de uma imensa variedade de produtos e serviços que o mercado percebeu existir, com suas incontáveis variações de formatos, dirigidos a públicos cada vez mais segmentados, e uma necessidade latente de uma relação custo versus benefício mais justa, atualmente se conduz não mais a aplicação pura e simplesmente das mídias tradicionais, como grandes jornais ou programas de televisão. Fato: está cada vez mais caro e difícil alcançar o consumidor. Por muitas vezes essa tarefa se torna quase impossível, analisando as drásticas mudanças no seu comportamento ultimamente.
Al Ries escreve que a propaganda está com sérios problemas irreversíveis, como a falta crescente de credibilidade perante o consumidor e a incapacidade de criar um relacionamento entre quem consome e empresa. As propagandas estão cada vez mais bonitas, chocantes e incríveis, mas cada vez menos vendedoras de conceitos, anunciadoras de produtos e críveis. A propaganda não muda a mente das pessoas. A propaganda não muda as marcas de uma posição para outra dentro da mente das pessoas. A propaganda não substitui uma marca que já está na mente das pessoas por uma nova marca. Todas essas funções estão fora do alcance de uma solução de propaganda. Um exemplo? Quem faz a redação de um anúncio de um filme? Um publicitário enfurnado numa agência de publicidade ou o jornalista do NY Times? Os críticos de cinema dos veículos mais importantes são convidados a dar a sua opinião e suas frases são impressas nos cartazes expostos nas salas de cinema. O estúdio produtor do filme não tem endosso perante o público para convencê-lo a ir ao cinema, ao contrário do veículo ou do blogueiro.
Essa evolução natural dos mercados, producente de uma maior fluidez das verbas publicitárias e por conseqüência sua pulverização, tem como prova a tendência no segmento de mercadorias embaladas nos Estados Unidos, onde a verba destinada à propaganda no orçamento de marketing caiu de 60% em 1977 para 30% em 2001. Outros exemplos como esse são cada vez mais constantes em diversos mercados.
Voltando às origens, para Jay Conrad Levinson, a utilização das não-mídias fornece um amplo espaço para atingir o público-alvo de forma eficaz, na maioria das vezes sem pagar quase nada. Para um guerrilheiro, tudo é passível de virar mídia e tudo deve ser aproveitado, sempre com relevância tanto na escolha da não-mídia como da mensagem que se pretende passar adiante. Partimos da premissa de que nenhum meio de comunicação é neutro. Todo e qualquer veículo da ação publicitária carrega em si alguns aspectos e significados, que, se percebidos de forma correta, podem desempenhar um relevante papel no processo de construção do envolvimento entre produto/serviço e consumidor. O desafio consiste em encontrar o equilíbrio e a pertinência, tão importantes no planejamento estratégico da comunicação midiática. Quem planeja deve buscar, em sua estratégia, a harmonia ideal entre meio (mídia) e mensagem (conteúdo), que deve ter, em sua essência, relevância e identificação com o público-alvo da comunicação.
Nessa maximização de ferramentas e possibilidades que visam solucionar os problemas de comunicação, atualmente o marketing de guerrilha molda-se a uma situação onde as empresas estão dando cada vez mais importância aos seus orçamentos, ao mesmo tempo em que a competição no mercado se acirra. Com custos bem mais atraentes, o marketing de guerrilha surge com um arsenal criativo e ousado de ferramentas mais envolventes e interessantes que a mídia tradicional. Além disso, essas ferramentas proporcionam um corpo-a-corpo inexistente nas propagandas de televisão ou anúncios em revistas, tendo como objetivo aparecer na mídia de forma espontânea e gratuita, maximizando a transmissão da mensagem, absorvendo a confiabilidade que esses meios transmitem ao público. Desta forma, o marketing de guerrilha possibilita resultados mais marcantes e uma maior identificação do consumidor com a marca.
Por isso, apesar do marketing de guerrilha ter sido criado na década de 80 para as pequenas empresas sobreviverem num mercado cada vez mais competitivo e saturado, as grandes empresas também devem fazer o marketing de guerrilha para destacar-se e transmitir atitude. Um exemplo de empresa grande que trabalha com o marketing de guerrilha é a Nike, em ações de emboscada nos eventos patrocinados por outras grandes marcas. O Google também pode ser considerado uma mega-corporação guerrilheira, afinal, nunca investiu em propaganda tradicional e cresceu através de boca-a-boca e da utilização de Relações Públicas. Hoje, as ferramentas do Marketing de Guerrilha são comumente chamadas de armas, cada uma com um objetivo específico de atingir e provocar a reação do consumidor, sempre de forma ousada e criativa. O poder do uso integrado delas é altamente impactante. Elas são uma fuga aos meios tradicionais de publicidade, tendo a função de gerar boca-a-boca entre os targets e mídia espontânea. Através de ações de baixo custo, bem planejadas e bem executadas, a essência da guerrilha é a conversa, a interação entre as pessoas e os consumidores. A imprensa, por outro lado, não deve ser vista como jornalismo, afinal ela pode ser um grande alavancador de negócios, falando para muitos e com endosso necessário para potencializar as ações.
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